Imagine um instrumento que lhe permite saber os seus gastos em luz e que desliga um electrodoméstico em sua casa de forma a achatar o pico de consumo. Imagine que se todos fizessem o mesmo, esse pico desaparecia e se evitava a construção de uma nova central termoeléctrica. Imagine, agora, que isso já é possível. Os contadores que tem em casa fazem leituras por estimativa e trazem, por vezes, arredondamentos penosos na carteira. Os novos Smarterings, da Logica CMG, são contadores electrónicos em tempo real que "já estão em plena actividade com clientes industriais (50% do consumo do País) desde há dois, três anos", disse ao DN José Antunes, market infrastructure director para a área da energia da Edinfor (empresa da Logica CMG). Com a liberalização do mercado, que começa exactamente hoje, estes contadores trazem vantagens para os 5,5 milhões de consumidores domésticos. Já estão em curso estudos-piloto com esta tecnologia. A generalização da mesma pode ocorrer em poucos anos, prevê o responsável. Os novos contadores têm inúmeras vantagens para todo o mercado, garantiu. "Os fornecedores vão ser vários, apesar de a EDP continuar responsável pela distribuição. Por isso, havendo leituras reais, é possível criar tarifários especializados". A instalação é simples: o fornecedor substitui o contador antigo e coloca um concentrador de comunicação no posto de transformação. Além das tarifas, "este contador permite activar ou desactivar o contrato remotamente e de forma rápida. A potência contratada também pode ser alterada por esta via". Mas um dos aspectos mais curiosos é poder desligar um aquecedor ou outro electrodoméstico (decisão prévia) nas horas de pico de consumo, evitando um 'congestionamento energético' generalizado. "Isto traz-nos inúmeros benefícios sociais e contratos com mais benefícios para todos.O cliente vai ter acesso ao seu perfil de consumo, facturas mais regulares e vai poder escolher qual o fornecedor indicado para o seu perfil, acedendo à internet. Para consumos especiais ou ocasionais (estudantes, turistas), pode valer a pena apostar num contador recarregável. Basta um SMS e o problema de falta de kilowatts resolve-se...Em itália, com 27 milhões de contadores instalados, "há poupanças de 500 milhões de euros por ano. E o investimento paga-se ao fim de quatro ou cinco anos", frisou José Antunes. Os processos são automatizados, eficientes e as perdas de energia reduzem-se. Um estudo europeu mostra que todos se preocupam com a eficiência energética e sobretudo com os custos. No entanto, a aplicação desta tecnologia só vai fazer sentido se for aplicada em massa. A aplicação vai depender, porém, de "um novo quadro regulatório que imponha a facturação real e mensal". Outra hipótese seria através de um acordo EDP-fornecedores. O investimento estimado para a aplicação seria de 500 ou 600 milhões de euros, concluiu José Antunes.